A Arte Como Farol
A parceria, iniciada em 2015-2016, com o Círculo de Artes Plásticas de Coimbra e o Projeto LINHAS, enriqueceu o nosso Projeto na perspetiva da leitura da obra de arte. Ler ultrapassa a dimensão literária e/ou científica, alarga-se para além das fronteiras da página e abre-se ao mundo e à arte em geral.
Esta atividade parte da ideia da arte como elemento que, tal como um farol, nos pode ajudar a encontrar o nosso lugar, a situar-nos. Aponta diferentes caminhos possíveis, fortalece escolhas, estimula-nos a questionar outras e pode até salvar. Pode tornar visível, iluminar, o que frequentemente não vemos, seja o que está dentro de nós, o que está ao nosso lado ou nas profundezas da história da humanidade…permite-nos sentir que não estamos sozinhos… que há outros que sentem, veem, como nós, aqui ou no outro lado do mundo… hoje como ao longo dos tempos…
Temas
- A arte como lugar de resistência, de liberdade…
- A arte faz-se para transformar as imagens do quotidiano, para tornar visível…
- A arte faz-se para dizermos o que não podemos dizer de outra forma…
- Somos muitos dentro de nós
“Sempre que tocamos uma música (…) temos de fazer duas coisas muito importantes ao mesmo tempo. Uma é exprimir-nos – caso contrário não contribuímos para a experiência musical – e a outra é escutar os outros músicos, faceta indispensável para se fazer música. (…) é impossível tocar inteligentemente numa orquestra se nos concentrarmos exclusivamente em uma destas duas coisas. Não basta tocar muito bem a nossa parte. A arte de tocar música é a arte de simultaneamente tocar e escutar, sendo que uma reforça a outra. Isto passa-se tanto a nível individual como coletivo: a execução é valorizada pela escuta e uma voz é valorizada pela outra.”
Barenboim, Daniel, Está tudo ligado. O poder da música, Bizâncio, 2009 p70
Sessão 1
A arte como lugar de resistência, de liberdade...
O projeto educativo do Círculo de Artes Plásticas de Coimbra (CAPC), durante o mês de Novembro, concentrou o seu trabalho muito especialmente na Bienal de Arte Contemporânea de Coimbra ANOZERO, através da colaboração no programa de atividades pedagógicas LINHAS , uma plataforma de criação e programação artística e pedagógica que une três associações culturais de Coimbra: Círculo de Artes Plásticas de Coimbra (CAPC), Jazz ao Centro Clube (JACC) e Casa da Esquina.
O CAPC deseja contribuir para estabelecer aproximações entre a arte e os vários tipos de público (faixas etárias, formações e interesses variados).
Visando estreitar a relação do indivíduo com a arte, para que esta se possa apresentar como uma opção, acredita-se que “só aquele que aprendeu a ler pode escolher o que ler, quando e até não ler”, também o acesso à experiência da arte é fundamental para que esta escolha seja uma possibilidade, daí a importância da pedagogia artística.
As intenções passam por sensibilizar os públicos não só para a arte contemporânea mas para a cultura num sentido mais amplo. Assim, ao inserir-se numa cidade que foi reconhecida enquanto património da Unesco e porque construímos sempre sobre o que os outros já construíram, pretende-se ajudar a estabelecer pontes entre o presente, o passado e o presente. No sentido de sensibilizar para as práticas artísticas na sua diversidade, explora-se a experiência e a reflexão sobre diferentes géneros artísticos.
O tempo é uma pedra de toque essencial neste projeto. Ao “não temos tempo”, propomos – “TEMOS TEMPO!”. No tempo que temos, mais ou menos limitado, recuperamos a atitude, a escolha, implícita no poema de António Ramos Rosa – Para um amigo tenho sempre um relógio esquecido em qualquer fundo de algibeira.
Valoriza-se a atenção, prestar atenção, dar atenção. A disponibilidade. Estar. Estar junto.
Nas sessões, elege-se a conversa como prática de cidadania, como exercício de pensamento, de partilha de visões do mundo.
Sessão 2
Bienal de Arte Contemporânea de Coimbra
Os alunos do Projeto Ler+ Jovem “À Sombra das Palavras”, no âmbito da dimensão artística, visitaram o Museu Machado de Castro, em novembro, por ocasião da Bienal ANOZERO, onde a arte contemporânea estabeleceu uma a relação privilegiada com o património. Os alunos visitaram a instalação Família de Rui Chafes e Pedro Costa no criptopórtico de Aeminium, onde os artistas fazem inscrever o seu gesto de radical redefinição e ponderação dos sortilégios do acontecido. Família resulta de um diálogo entre esculturas de Rui Chafes e filmes de Pedro Costa realizados em Cabo Verde em 1994 durante a rodagem do filme Casa de Lava. A este diálogo juntaram-se as vozes de Jean-Marie Straub e Danièle Huillet através do seu filme tributo a Mallarmé.
O vídeo de Tatiana Macedo Seems so long ago Nancy foi também visionado e comentado. Aqui interpela-se o espectador num conjunto de gestos de observação circular – observar quem observa – uma visão passiva que flutua entre os sujeitos e os espaços que ocupam, num equilíbrio entre silêncio, introspecção, ruído, repetição, intervalos e espera.
Lembramos que ambos os artistas foram recentemente premiados com o Prémio Pessoa e o Prémio Sonae Media Art, respetivamente.
Sessão 3
Encontro com Rui Chafes - "A arte faz-se para transformar as imagens do quotidiano, para tornar visível…"
Os alunos do Projeto Ler+ Jovem “À Sombra das Palavras”, no âmbito da dimensão artística, visitaram o Museu Machado de Castro, em novembro, por ocasião da Bienal ANOZERO, onde a arte contemporânea estabeleceu uma a relação privilegiada com o património. Os alunos puderam apreciar a instalação “Família”, da autoria de Rui Chafes e Pedro Costa, no criptopórtico de Aeminium, onde os artistas fazem inscrever o seu gesto de radical redefinição e ponderação dos sortilégios do acontecido. Família resulta de um diálogo entre esculturas de Rui Chafes e filmes de Pedro Costa realizados em Cabo Verde em 1994 durante a rodagem do filme Casa de Lava. A este diálogo juntaram-se as vozes de Jean-Marie Straub e Danièle Huillet através do seu filme tributo a Mallarmé.
No dia 15 de janeiro duas turmas da Brotero tiveram ocasião de conversar com o escultor Rui Chafes, Prémio Pessoa 2015, e esgrimir alguns pontos de vista sobre a arte e o(s) seu(s) siginificado(s).
Sessão 4
O que pode a arte?
A sessão 4 foi dedicada à música como expressão de arte.
A arte do nosso tempo constrói-se sobre a arte de outros tempos, por isso deambulamos pelo território e viajamos entre (e com) tempos diversos, procurando abrir janelas para o conhecimento e novas maneiras de olhar e entender o que nos rodeia. – in LINHAS - Programa de Atividades Educativas.
Nesta sessão o farol guiou-nos pelo diálogo entre as artes. No dia 11 de fevereiro, no Jazz ao Centro Clube, os alunos participaram num workshop com o pianista Simão Costa.
O que pode a arte? O que pode a música?
Concluímos que a experiência da arte pode fazer-nos sentir que não estamos sozinhos, pode ampliar mundos, fortalecer ou questionar sentidos ou, simplesmente, nada acrescentar senão um certo momento.
Flashes dos alunos do 10º PM
- Uma atividade muito interessante e divertida. O Simão é uma pessoa muito simpática.- Alexandre Ferreira, nº1.
- A atividade no Jazz ao Centro foi bastante interessante, pois vimos como funciona a música atualmente. – Ana Lopes, nº 2.
- No início não gostei muito da música do Simão, porque me era desconhecida, mas depois comecei a sentir o ritmo e até a dançar. – Cristiana Serém, nº 4.
- Gostei quanto o Simão me convidou para tocar piano. – Filipa Santos, nº5.
- O músico Simão Costa foi muito simples a ensinar alguns segredos da música. – Hugo Sousa, nº7.
- A atividade foi única e divertida – Inês Simões, nº9.
- O que mais gostei foi ouvir tocar e do Salão Brasil. Gostava de aprender a tocar piano. – João Oliveira, nº 10.
- A apresentação do Simão foi muito interessante. O pianista tocou para nós, o que foi um momento fantástico. – João Santos, nº 11.
- Penso que a atividade foi educativa e interativa. Aprendemos mais sobre a música e o som. – João Veloso, nº 12.
- O jogo da memória foi muito divertido. Estas atividades são muito produtivas. – Miguel Faria, nº 10.
- Deu para conhecer o Jazz ao Centro e o artista Simão.- Nuno Santos, nº 22.
- O Simão demonstrou como a música é uma forma de arte.- Nuno Vieira, nº23.
- Aprendemos a utilizar um diapasão e o Simão tocou piano de uma forma que nunca tinha visto, usando imanes nas cordas do piano.- Miguel Tobback, nº21.
- Gostei do interior do Salão Brasil e das pessoas que lá trabalhavam. – Laura Cortez, nº18.
- A atividade correu bem e gostei muito da parte do jogo. – Vasco Cortesão, nº 25
- Na minha opinião, esta foi a melhor sessão que tivemos. – Gonçalo Alves, nº6.
- O que mais gostei foi da resposta do Simão à pergunta “O que pode arte?”. Nunca mais me vou esquecer: “A arte pode tudo, mas também pode não valer de nada, porque depende do valor que lhe dão”.- Inês Dionísio, nº8.
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